Gabriela Ortiz: paisagens latinas

A mexicana Gabriela Ortiz, compositora residente do Carnegie Hall para a temporada de 2025, é uma das vozes mais influentes de sua geração. Filha de músicos folclóricos, sua playlist — criada especialmente para o Apple Music Classical — destaca obras marcadas pela forte presença da música de rua e da dança. Um exemplo perfeito é “Inura”, da compositora cubana Tania León, que abre a seleção. Ortiz também dá espaço a compositoras latino-americanas notáveis que merecem maior reconhecimento. Você pode até conhecer alguns nomes, mas talvez não como compositoras. Esse é o caso da venezuelana Gabriela Montero, amplamente aclamada como pianista. Seu Concerto “Latino”, vibrante e cativante, traz Montero como solista em uma performance cheia de energia. Para descobrir talentos menos conhecidos, mas igualmente fascinantes, explore os paisagens sonoras amplas e coloridas de Ángeles de llama y hielo, da mexicana Ana Lara, ou os sons mágicos do Concerto para Flauta Pitangus Sulphuratus, da venezuelana Adina Izarra. Se busca algo mais intimista, há a delicada Constellation, para piano e violino, da brasileira Clarice Assad. Já para piano solo, The Armadillo’s Charango, da peruana Gabriela Lena Frank, traz uma riqueza rítmica irresistível. Ortiz também inclui grandes compositores latino-americanos, mas não necessariamente com suas obras mais conhecidas. Em vez disso, ela seleciona peças que revelam novas facetas desses gigantes da música. Experimente o Chôros nº 10, de Villa-Lobos, com sua grandiosa evocação das paisagens tropicais do Brasil e o uso exuberante da canção popular “Rasga o coração”, culminando na participação eletrizante de um grande coro. Ou a intensa Sonata para Piano, de Ginastera, interpretada brilhantemente por Montero. E para quem deseja expandir ainda mais seus horizontes musicais, há novos nomes a serem descobertos — como o Concerto para Violino, do argentino Esteban Benzecry, uma peça impressionante tanto pelo virtuosismo quanto pelos efeitos orquestrais inovadores.