- ESCOLHA DO EDITOR
- 2011 · 7 faixas · 38 min
Quarteto de cordas n.º 14 em dó sustenido menor
Na época em que compôs seu Quarteto de Cordas Nº 14, Op. 131, entre 1825 e 1826, Beethoven estava quase totalmente surdo. Além disso, sua crença na democracia havia sofrido um duro golpe após a derrota de Napoleão e a volta dos antigos poderes em 1815, e, aparentemente, ele tinha perdido as esperanças de encontrar uma esposa. O compositor alemão era agora, nas palavras do escritor Thomas Mann, “o príncipe solitário de um mundo de espíritos”. Ainda assim, em meio a toda essa dolorosa solidão, Beethoven deu vida àqueles que são considerados seus melhores trabalhos. O quarteto Op. 131 é talvez seu maior feito dentro da forma que se tornou sua marca registrada. Em sete movimentos conectados – alguns densos, outros fugazes e enigmáticos – somos conduzidos por um largo espectro de emoções que vão, com frequência, aos extremos da intensidade. A obra começa com uma fuga lenta e desoladora, que se aproxima de uma resignação e dá origem a um peculiar e divertido scherzo, uma recitativa metade cômica e metade passional que leva a uma sequência de lentas variações, alcançando picos de um êxtase doloroso. O bom humor é recuperado no scherzo, mas não surpreende quando a obra se torna um pesar no pequeno “Adagio", após o enérgico “Allegro” – a ambiguidade da peça segue desafiando a lógica até o fim. Ao ouvir a apresentação inicial deste quarteto, Schubert supostamente afirmou: “Depois disso, o que sobra para nós compormos?”